domingo, 9 de maio de 2010

Tudo depende do ponto de vista…

Fazia muito tempo, tempo demais, que eu não me arriscava em um dos 1001 filmes indicados pelo livro que ganhei em Março. E foi meio sem querer que resolvi assistir Desejo e Reparação, o último dos listados por Steven Jay Schneider e compania. Uma reserva furada na locadora me conduziu a esse que foi um dos grandes momentos do cinema em 2007, perdendo para Onde os Fracos Não Têm Vez o Oscar de Melhor Filme, mas levando quase tudo no Globo de Ouro. Como sempre quando se trata de cinema, valeu a pena arriscar.

Desejo e Reparação é uma peça vibrante de cinema calculado com cuidado, com a câmera talentosa do diretor Joe Wright brincando com os estigmas do drama de época inglês e injetando uma visão moderna, vívida e enérgica a narrativa inteligente, retirada com maestria do best-seller de Ian McEwan. O trabalho do roteirista Christopher Hampton é mesmo louvável, mas não dá para negar que são os temas de McEwan, a forma como ele trata da distorção da realidade em ficção e da maneira como um ponto de vista pode acabar julgando mal um acontecimento, que encanta no filme tanto quanto o fez na literatura.

Isso sem contar que o filme tem um elenco fantástico. Keira Knightley e James McAvoy mostram-se intérpretes de magnetismo impressionante como Cecilia e Robbie, apaixonados de classes sociais diferentes na Ingleterra do pré-Guerra. Ele, filho da empregada e jardineiro da família. Ela, uma lady moderna, independente e cínica. O amor verdadeiro entre os dois é mal-interpretado por Brionny (Saoirse Ronan), irmã de Cecilia, que usa sua imaginação de escritora iniciante para inventar uma mentira que acaba levando Robbie para a prisão. Com a arma poderosa do tempo nas mãos, McEwan (e Hampton, por tabela), brincam com os destinos dos personagens, constróem cenários magníficos e ainda encontram tempo para nos apresentar uma virada final emocionante e desvastadora.

Brionny, por sí própria, é uma personagem fantástica, tanto que é tão impossível não sentir por ela quanto pelo casal apaixonado. Das três atrizes que a interpretam pela passagem do tempo, a única sem muito destaque é a desconhecida Romola Garai, dona do papel quando Brionny tem por volta dos 20 anos. Antes dela, uma surpreendente Saoirse Ronan encarna uma garota mimada de olhos intensos e atitudes insondáveis com desenvoltura de gente grante. E, por último, a gigantesca Vanessa Redgrave fecha o filme com o sentimentalismo e a vulnerabilidade de uma personagem arrependida sem meios de consertar seus erros.

É triste, sim, mas não dá para negar que é genial.

no 1001

Desejo e Reparação (Atonement, Grã-Bretanha/França, 2007) 130 minutos. Som/Cor.

Direção: Joe Wright.

Produção: Tim Bevan, Eric Fellner, Paul Webster.

Roteiro: Christopher Hampton, baseado no livro Atonement de Ian McEwan.

Fotografia: Seamus McGarvey.

Música: Dario Marinelli.

Elenco: Keira Knightley, James McAvoy, Romola Garai, Brenda Blethyn, Vanessa Redgrave, Saoirse Ronan.

… Ao considerar o drama de época britânico, saiba que ao introduzir uma linguagem cuidadosamente burilada e uma interação entre representantes de direfentes classes sociais está fundada a base para muitos filmes produzidos na ilha. Desejo e Reparação, de Joe Wright, expande essa forma para incluir um retrato memorável do amor romântico, embora com uma virada final… (Garret Chafin-Quiray)

2 comentários:

  1. ah como eu queir apoder analisar um filme assim como vc, ver pelos angulos do roteiro,da direção, da mensagem.
    Odiei este filme, realmente odiei, nem mil criticos elaborando cada frame vão me fazer mudar de opinião.
    Poderia enforcar aquela menininha facil facil.

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  2. Ahhh, que vontade de assistir esse filme!

    Nuss, sua "critica" foi demais, parabéns...

    Beijinhos

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    www.jehjeh.com

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