terça-feira, 23 de março de 2010

O pop não poupa ninguém…

Um restaurante enorme, lotado, com pôsteres de filmes cult e clássicos espalhados por todas as paredes, serve milkshakes de cinco dólares nomeados em homenagem a lendária dupla Dean Martin e Jerry Lewis, recebendo seus clientes com garçonetes vestidas de Marilyn Monroe, que andam pelas mesas como se fosse a coisa mais natural do mundo. A descrição inesperada poderia ser desconcertante, se não estivesse sobre o olhar soberbamente natural da câmera de Quentin Tarantino, muito mais livre nesse Pulp Fiction, sua obra revolucionária de 1994, do que em suas investidas mais recentes.

Tarantino faz do pop uma extensão natural do nosso cotidiano, filmando absurdos com um senso de acaso fantástico, colocando atores simbólicos em personagens tão irreais quanto críveis na estrutura e no universo próprio que o diretor criou para suas obras. Aqui, ele abusa da violência para contar as histórias entrelaçadas de Vincent Vega (John Travolta), um gângster meio destrambelhado que se mete em uma confusão das boas ao lado do parceiro mais filosófico, Jules Winnfield (Sam Jackson), e de Butch Coolidge (Bruce Willis), boxeador em fim de carreira que não cumpre uma ordem do chefão Marsellus Wallace (Ving Rhames) e tenta escapar com vida da perseguição resultante.

Com essas e outras histórias coalhadas de violência e abusando do tema “drogados, corruptos e desencaminhados”, o diretor realiza uma de suas primeiras proezas cinematográficas, conferindo novo frescor e credibilidade ao cinema independente americano, ressucitando astros (não dá para imaginar ninguém além de Travolta como Vega) e ainda achando tempo para dar profundidade aos personagens que mistura de forma tão saborosa (o monólogo final do personagem de Sam Jackson é de arrepiar).

Pulp Fiction é divertido, chocante e não abre concessões. Mas, acima de tudo, é entretenimento de primeira, como só Tarantino sabe fazer.

no 1001

Pulp Fiction – Tempos de Violência (Pulp Fiction, EUA, 1994) 154 minutos. Som/Cor.

Direção: Quentin Tarantino.

Produção: Lawrence Bender.

Roteiro: Quentin Tarantino, Roger Avary.

Fotografia: Andrzej Sekula.

Elenco: Tim Roth, Amanda Plummer, John Travolta, Samuel L. Jackson, Frank Whaley, Burr Steers, Bruce Willis, Ving Rhames, Rosanna Arquette, Eric Stoltz, Uma Thurman, Harvey Keitel, Maria de Medeiros, Christopher Walken, Steve Buscemi, Quentin Tarantino.

… Apenas ocasionalmente – como no episódio pesado e feio no porão, e em algumas cenas românticas anêmicas – Tarantino parece estar fazendo força, embora mesmo aqui seu projeto global fique evidente: expulsar a vida real e as pessoas reais de uma vez só e para sempre do filme de arte e substituí-las por provocações genéricas e homenagens variadas, imbuídas de estilo e atitude, construindo um verdadeirmo monumento ao conhecimento cinematográfico presumido do espectador… (Jonathan Rosenbaum)

2 comentários:

  1. parabens pelo post e pelo blog;
    tah ficando bm legal;,

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  2. CAIO!!! Meu garoto, fico feliz por ter gostado do texto lá no RBO. Bem, eu não vi Pul Fiction, eu sei que deveria ter visto, mas ainda há tempo. Não sou fã de Tarantino, mas tenho que concordar que os filmes dele me chocam. E acho que isso é bom. Desculpa pela correria. rs Ah! Vou postar um texto amanhã no BRASILSTATION e no RBO sobre como a experiência nos filmes e nos jogos nos influenciam na realidade.

    VALEUUU!!! E mais um blog! Depois me explica o nome. rs

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