sexta-feira, 19 de março de 2010

E assim começa o cinema…

1902. O cinema ainda engatinhava com os curtas dos Irmãos Lumiére, reconhecidamente os pais da sétima arte, quando um ex-mágico fez suas próprias regras, ralizando um filme ao qual podem ser atribuídos muitos títulos de “primeiro”. Para começar, é o pioneiro da ficção científica, baseando-se em um livro de Júlio Verne para tirar de sua literatura pop as referências e visuais que são padrões até hoje na realização do cinema. Mais ainda, é a narrativa mais complexa de sua época, contando com um número surpreendente de unidades dramáticas e realizando uma encenação teatrak que não precisa abandonar as possibilidades de uma arte como o cinema para sê-lo.

Como ex-ator de teatro, Meliés abusa da linguagem dos palcos. Como ex-mágico, estabelece os primeiros truques de continuidade e efeitos especiais da história do cinema. E, por fim, como cineasta, demonstra uma notável capacidade de organização de linguagem e encenação, realizando um caos controlado que, daí em diante, passou a ser rotina nos cinemas.

Deliciosamente surreal, a história envolve um grupo de cientistas realizando uma viagem ao satélite natural da Terra, encontrando por lá os mais estranhos fenômenos e tendo que fugir de uma população nativa e selvagem. A marca de Verne é impressa tanto quanto a de Meliés, fazendo dos oito minutos do filme uma experiência divertida, reveladora e, em alguns momentos, até tocante. É a primeira demonstração de que clássicos precisam ser, mesmo, eternos.

Porque se, como revolução, Viagem a Lua será eterno, como cinema, o filme envelheceu bem melhor do que se esperava.

no 1001

Viagem a Lua (Voyage dans la Lune, França, 1902) 14 min. Mudo P&B.

Direção: George Meliès.

Produção: George Meliès.

Roteiro: George Meliès, baseado no livro Viagem a Lua de Julio Verne.

Fotografia: Michaut, Lucien Tainguy.

Elenco: Victor André, Bleuette Bernon, Brunnet, Jean D’Alcy, Henri Délannoy, Depierre, Farjaut, Kelm, George Meliès.

… Aqui, Meliès cria um filme que merece lugar de destaque entre os ícones da história do cinema mundial. Apesar do estilo surreal, Viagem à Lua é divertido e inovador, conseguindo combinar os truques do teatro com as infinitas possibilidades do cinema… (Chiara Ferrari)

4 comentários:

  1. Gostei muito do post, curiosidades muito interessante sobre o cinema, das quais ainda não tinha lido. Continue com essa qualidade e inovação. Abraços

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  2. Massa a tua iniciativa, gostei bastante, me amarro em cinema. Continua assim que tá bem legal! Abraço, qualquer coisa passa lá:

    http://gustavoofernandes.blogspot.com/

    Tudo de bom e boa semana.

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  3. O filme parece ser interessante, não o conhecia.
    Vale a pena assistir.

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  4. Oi Caio, obrigada por seguir ao blog! Respondendo sua pergunta, como gosto de artes em geral, meu blog as vezes toca em cinema assim, geralmente por algum filme pouco conhecido que eu tenha gostado ou uma msg especial... enfim, é só vc procurar nos marcadores, "Cinema" que encontra alguns posts...
    beijos e vamos interagir sempre! ;)

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